Faculdade do Cefi

Temas Atuais

Qual direção você escolhe seguir na sua vida?

Por muito tempo, percebi-me desconectada das coisas que eram importantes para mim, para ser específica desde os meus 13 anos não me sentia próxima das coisas que faziam sentido em minha vida. Algumas experiências vivenciadas na minha infância e adolescência geraram em mim insegurança, medo, incapacidade e incerteza de quem eu realmente era. Por momentos eu me sentia capaz e por outros momentos eu era pega por pensamentos de incapacidade, derrota e incerteza. E tudo bem se deparar com esses pensamentos, mas a única forma que eu lidava com eles era me fusionando a eles e deixando que eles dissessem quem eu realmente era. Diante disso, eu deixei muitas vezes que esses pensamentos me guiassem e me movessem para o lado oposto daquilo que realmente era importante para mim, deixando que eles me paralisassem e me vendo perdida em qual direção seguir. 

 

Devido a esses pensamentos, passei muito tempo da minha vida sem conseguir expressar minhas opiniões em público. Então eu dizia sim em diversas situações que eu gostaria de ter dito não, colocava em segundo plano as minhas vontades e desejos para suprir as necessidades dos outros, fugia de situações de avaliação pelos outros e permitia que relações tóxicas fizessem parte da minha vida. A questão é que esses comportamentos, na minha visão, ajudavam-me a esquivar de emoções dolorosas, proporcionando uma fuga dos sentimentos difíceis que despertavam em mim. Entretanto, eu seguia sentindo muita ansiedade, pois me via afastada das coisas importantes para mim e, consequentemente, longe da direção de vida que eu queria seguir.

 

Cuidar da minha saúde, ter uma vida ativa e estar satisfeita comigo mesma, sempre foram questões muito importantes na minha vida, embora por muito tempo eu estive distante de todas elas. Há dois anos atrás, por motivos estéticos e de saúde, procurei um esporte que fosse atender minhas necessidades naquele momento, o Crossfit. Na primeira aula, percebi esses pensamentos surgindo no meu mundo interno “você não é capaz, é muito complexo para o seu nível, é difícil, você não consegue realizar atividades difíceis”. Dessa vez decidi não me fusionar a eles, não quis que eles me levassem novamente para a direção contrária daquilo que eu queria, não permiti que eles decidissem por mim o que eu iria ou não fazer. Portanto, decidi tomar a decisão  que me aproximava daquilo que é e sempre foi valioso para mim. Iniciar o Crossfit me aproximava de um valor muito importante, o cuidado com a minha saúde física e psicológica. 

 

Faz dois anos que pratico esse esporte, ao longo dessa jornada sigo lidando com esses pensamentos, mas não me prendo a eles. Percebo todas as vezes que eles estão comigo e gentilmente deixo que eles venham e vão embora quando quiserem. Apesar desses pensamentos seguirem gerando desconforto, eu sigo exercendo esse esporte porque ele me possibilita conexão com aquilo que é importante e me aproxima diariamente dos meus valores. Através da confiança, da coragem, do senso de pertencimento que o Crossfit me proporciona, sinto-me cada dia mais próxima da vida que, para mim, vale a pena ser vivida. 

 

O Crossfit não é solução de todas as questões, ainda preciso fazer mais movimentos para me aproximar de outros valores que também são importantes, mas ele me proporciona foco no aqui e agora, confiança no meu potencial, coragem, saúde e sensação de conquista. Conquista, pois cada dia sigo evoluindo e convivendo com esses pensamentos que ainda estão presentes, mas observando eles como parte da experiência e não como se eles definissem quem eu verdadeiramente sou. E você, percebe-se fazendo movimentos para ir em busca daquilo que é importante, mesmo que isso gere emoções desagradáveis? 

 

Este texto é de autoria da estagiária da equipe CEFI Contextus – Maria Eduarda Ramalho