A dor emocional de uma separação demora tempo para curar
Quando um relacionamento vai para o seu término, inicia-se um processo cheio de dor emocional, nostalgia, medo, incerteza e tristeza; tomar consciência de que aquele ser especial, com quem se havia feito planos para o futuro, não segue mais na própria história, e modificar a rotina e os hábitos cotidianos – sem envolver aquela pessoa – torna-se difícil e quase impossível de suportar.
Sentimos dor emocional. Uma dor de partir o coração. Culturalmente, esta dor nos acompanha há séculos por meio de poemas e canções cheias de sofrimento. A dor emocional é uma ferida que ninguém vê e demora muito para cicatrizar. Todos nós a temos.
Em relação ao nosso cérebro e a dor emocional, neurocientistas descobriram algo importante: as áreas do cérebro que são ativadas quando nós sofremos a dor física são as mesmas quando experimentamos inquietação, tristeza e desespero mais intenso. Ou seja, quando alguém importante nos trai ou nos machuca intensamente, a dor atinge um nível mental e fisiológico.
Estamos acostumados a evitar a dor emocional. Talvez seja algo cultural, como se fosse demonstrar fraqueza. Muitas vezes isso ocorre porque somos ensinados a “dissimular” o que sentimos. Porém, longe de ver a dor emocional como derrota ou símbolo de fraqueza, podemos aprender a reconhecê-la como parte de nossa essência.
Vamos lembrar: Temos o direito de chorar, de sentir raiva.
As pessoas precisam canalizar suas emoções. Nunca siga o conselho daqueles que dizem: “não chore, olhe para cima, vá em frente e esqueça tudo, aja como se nada tivesse acontecido…” Desde quando temos que evitar o que nos machuca? Nunca. Precisamos compreender o que está ocorrendo. Para fechar uma etapa, precisamos “entender, compreender, dar sentido” e não fugir.
Chorar é necessário, higiênico e saudável. Assim como sentir raiva e ficar com a raiva. Tudo isso favorece um alívio emocional e como tal deve ser vivido por um período. Quem não desabafa, não “alivia”, e isso, em longo prazo, traz consequências. Por outro lado, o alívio emocional deve ser pontual e não precisa levar meses, pois neste caso se ficarmos nos levando somente pelas emoções negativas por muito tempo, corremos o risco de cair num estado depressivo.
Uma pesquisa realizada por Lewandowski e Bizzoco (2007) observou que, de um total de 155 adultos pesquisados que estiveram envolvidos em uma separação conjugal, 71 por cento levaram cerca de três meses para começar a ver os aspectos positivos da separação amorosa. Isso não significa que eles esqueceram o relacionamento, mas aceitaram que a dor é aprendizado e uma experiência que ajuda a crescer emocionalmente.
Lembrando que cada pessoa tem o seu tempo de processar uma separação, pois é um tipo de luto dos sonhos, do que se construiu juntos e dos planos de vida, e este processo pode levar entre 6 meses até 2 anos para ser elaborado. A dor emocional, quando se é dada abertura a ela, pode ser superada com novos sonhos, com novas inspirações e esperanças. São feridas internas que vão cicatrizando aos poucos, vão doer todos os dias um pouco menos e permitindo uma abertura para retomar a vida, esta certamente com outra perspectiva, num novo caminho a seguir.
Este texto é de autoria do integrante da equipe CEFI Contextus – Mara Lins