Minha experiência usando as habilidades da terapia comportamental dialética para apresentar o TCC
Apresentar o trabalho de conclusão de curso (TCC) pode nos gerar muita ansiedade, inseguranças e medos. Esses sentimentos podem estar associados a pensamentos como: Será que vou conseguir trabalhar na minha área? Como vai ser quando me formar? O que eu faço agora? Entre tantos outros… Afinal,sabemos que não é só fazer e apresentar um TCC, há várias expectativas e emoções envolvendo todo o processo.
Algumas vezes, me vi não querendo sentir ansiedade/medo antes da apresentação ou tristeza pelo encerramento de um ciclo. Nem sempre me via com disposição para usar alguma habilidade da Terapia Comportamental Dialética (DBT) Afinal, além de ser cansativo finalizar um curso de graduação, estamos no meio de uma pandemia, privados de diversas coisas que antes nos motivavam e revigoravam nossas energias. Lidar com as emoções e os pensamentos que surgem no caminho, vão além de saber as habilidades da DBT. Ter um bom conhecimento sobre as habilidades foi um passo importante, mas ter treinado antes, saber quais funcionam melhor para mim e o autoconhecimento foram essenciais para usa-lás de forma mais efetiva.
Antes de marcar o dia para apresentar o TCC, primeiro pensei em todas as possíveis tragédias que poderiam acontecer no dia. Eu poderia acordar muito tarde e me atrasar, poderia ter esquecido de deixar o almoço pronto, poderia acordar enjoada ou com dor de barriga por causa da ansiedade. Depois de pensar na catástrofe, fiz uma resolução de problemas marcando a apresentação para o fim da tarde e cancelando toda a agenda do dia. Assim, eu teria tempo para acordar, tomar banho, comer e revisar a apresentação com calma e caso alguma coisa desse errado teria tempo para resolver.
Mas essas não eram as únicas coisas que poderiam dar errado, poderia faltar luz, cair o sinal da internet, pegar um vírus no pc e perder a apresentação, pois estamos falando de uma apresentação de TCC online. O que pude antecipar foi: se faltar luz ou cair a internet posso usar o 3g do meu namorado; caso um vírus corrompa os arquivos do pc, a solução é salvar a apresentação previamente em locais diferentes E foi o que fiz. Mesmo que não seja possível prever todas as coisas, imaginar o que pode dar errado e se imaginar resolvendo essas possíveis tragédias nos ajuda a lidar melhor com elas caso realmente ocorram. Contudo, esse é um exercício para ser feito de maneira rápida, pois passar o dia todo pensando no que pode dar errado pode nos deixar ainda mais ansiosos.
No dia da apresentação, segui com a rotina conforme havia planejado. A ansiedade e os pensamentos obviamente estava ali, mas fui usando as habilidades que já costumo usar como: prestar atenção na respiração por alguns minutos, fazer as coisas mais devagar que o de costume, praticar aceitação, ficar em um ambiente mais silencioso e observar os pensamentos sem discutir com eles. Alguns minutos antes da apresentação, pratiquei mindfulness da respiração e das sensações nas minhas mãos. Saber que eu geralmente sinto a ansiedade com mais intensidade antes e logo no início da situação em que me encontro foi essencial na escolha das práticas que faria naquele dia.
Imprevistos aconteceram? Sim! Mas eles foram solucionados. Apesar de chover, ter faltado luz no dia e eu estar super nervosa, consigo lembrar da minha felicidade por encerrar uma etapa tão importante da graduação e por contar com a presença de pessoas que tanto admiro junto comigo.
Todos nós passamos e vamos passar por momentos que vão nos causar ansiedade, seja apresentando um trabalho, em uma entrevista de emprego, conhecendo uma pessoa nova, indo a um lugar onde nunca fomos antes etc. As habilidades estão aí para nos ajudar nessas situações. Ter emoções é apenas um dos elementos que nos torna humanos, às vezes elas são como uma onda que vem e nos afoga, mas por vezes essa onda também é agradável, quentinha e acolhedora.
Este texto é de autoria da estagiária da equipe CEFI Contextus – Karina Guerin