Faculdade do Cefi

notícias

Na mídia - CEFI na Universa UOL(10/07)

A psicóloga e diretora do CEFI, Adriana Zilberman, concedeu entrevista para o site Universa UOL sobre amizade colorida.

Confira a reportagem na íntegra abaixo:

 

Amizade colorida dá certo? Mulheres contam como transar sem perder o amigo

 Tina Borba Colaboração para Universa 10/07/2021 04h00

 

Luciana prefere ter amigos com quem transa eventualmente porque não gosta das cobranças do relacionamento sério. Já Marcela achava que não estava apaixonada por seu amigo ficante, mas acabou tendo uma crise de iúmes em uma festa. O tema da amizade entre pares já foi discutido diversas vezes no cinema, na literatura, entre especialistas. Mas parece que ninguém conseguiu uma resposta definitiva: afinal de contas, é possível manter uma amizade e fazer sexo com a mesma pessoa, sem compromisso?

 

Às vezes sim, afirma a psicóloga e terapeuta de casais Adriana Zilberman, mas é preciso fazer acordos. "Um ingrediente básico é essencial: as regras precisam ser claras e consensuais. As pessoas precisam ter muito claro o que é essa relação e quais os limites dela". Além de combinados, é preciso desapego, afirma a especialista. "A amizade colorida pode funcionar muito bem se as pessoas envolvidas estiverem dispostas a viverem naquele tipo de relacionamento, sem cobrança, sem exigência, sem expectativa de que aquilo vá se tornar uma outra relação". Universa conversou com três mulheres que experimentaram esse formato e contaram como foi.

 

"Minhas amizades coloridas duraram mais do que meus namoros sérios"

 

"Amizade colorida pra mim é o melhor relacionamento e o único que realmente funciona. Eu sempre fui uma pessoa muito dinâmica e focada no profissional, então acaba que eu nunca estive disposta a me dedicar a relacionamentos sérios. Às vezes acabo conhecendo caras com quem rola aquela química, tem uma amizade, mas eu olho pra pessoa e penso 'não encaixa na minha vida', porque eu sou uma pessoa muito lógica. Mas de qualquer forma eu invisto, vou virando amiga mesmo.

 

Já estive em situações em que eu era amiga e depois virou colorido e já tive situações em que eu fiquei com o cara e a gente ficou amigo e é colorido a vida inteira. A amizade colorida mais duradoura que eu tenho é o Gabi. Eu conheço o Gabriel desde que eu tinha 16 anos e a gente ficou. Ele mora na minha cidade natal, Frederico Westphalen [interior do Rio Grande do Sul]. A gente ficou, mas nunca foi pra frente, eu até fui apaixonadinha por ele, depois passou. Sempre que os dois saem de um relacionamento e ficamos solteiros, voltamos a se falar e a se ver, e é isso.

 

O amigo colorido mais recente é o Rodrigo, e eu fui a primeira pessoa com quem ele ficou após se separar, e quando eu soube disso eu pensei que, por isso, ele iria se apegar mais. Então, falei logo para ele que não queria relacionamento sério. E assim a gente foi indo, a gente ficou meses, e daí eu comecei a namorar outra pessoa. Contei pra ele, e a gente continuou se falando normal, super amigos. Quando eu terminei o relacionamento, um dia eu tava no Instagram e mandei do nada pra ele "oi Rodrigo, eu tô solteira". Foi muito engraçado. A gente voltou a se ver, e é super bom, porque eu dou horrores de risada, morro de saudade dele, mas não vai evoluir pra além disso, porque ele não tá a fim e eu também não.

 

“Os mais duradouros pra mim são os que a amizade é mais forte, de sair, de trocar ideia, de se abrir. Tanto o Rodrigo quanto o Gabriel, eu mantive contato quando eu tava comprometida, numa boa como amigos.

 

Eu me sinto mais livre com esse tipo de relacionamento. Eu me sinto feliz sem a expectativa de um relacionamento sério. Eu gosto de sentir que tem uma pessoa ali, mas ela não tem tanta expectativa, e se ela não tem expectativa é menor a chance de não dar certo.

 

Eu só não gosto de quando as pessoas entram em outros relacionamentos e não conseguem separar a amizade do sexo. Porque muitas vezes eu queria continuar com a amizade, eu queria poder trocar uma ideia, mas eu entendo." Luciana Renata Lamb, 26 anos, médica veterinária, de Porto Alegre (RS)

 

"Me sentia confortável pra experimentar coisas com ele”

 

"Eu conheci o Carlos* quando eu tinha uns 14 anos, porque os nossos pais eram amigos. Logo de cara ele virou muito meu amigo, tipo melhor amigo. Ele ficava com uma amiga minha de escola, e eu com o melhor amigo dele, Henrique, que morava em outro estado. Nós andávamos todos juntos, éramos muito amigos. Henrique e eu namorávamos à distância e volta e meia ele aprontava, era um idiota. Uma sofrência.

 

Numa dessas vezes eu e o Henrique tínhamos transado, tinha sido a minha primeira vez. E no final de semana seguinte nós fomos todos pra praia, e o Carlos me contou de canto que o Henrique ia levar outra menina na festa de noite. Eu fingi que isso não me afetou, mas fiquei muito mal. Aí acabei ficando muito junto do Carlos nessa festa, bebemos muito e uma hora ele se declarou para mim e ficamos. No fim da noite, eu transei com o Carlos na cama do Henrique, sem ninguém saber. Foi a glória da minha vida, né?(risos)

 

Depois disso eu e o Carlos não paramos mais. A gente transava e conversava sobre a nossa vida, relacionamentos, tudo sem ninguém saber. Vivemos várias experiências ao longo dos anos, fizemos ménage, eu me sentia super confortável pra experimentar coisas com ele. E em 2009 eu fui fazer intercâmbio e um tempo depois ele começou a namorar. A gente acabou se afastando, eu sofri bastante, até porque achei que tava sentindo mais do que amizade por ele, mas hoje eu vejo que era carência.

 

Quando eu voltei ele continuava namorando, a gente se viu umas duas ou três vezes, mas depois de um tempo paramos. E eles tão juntos até hoje. Eles casaram e não convidaram nenhum dos amigos. Daí um dia de noite ele me ligou e pediu pra eu ir na casa dele, porque ele queria falar comigo, começou a se explicar sobre não ter convidado os amigos para o casamento deles, e a gente transou.

 

E depois disso nunca mais a gente ficou ou conversou, hoje em dia eu não fico nem no mesmo cômodo que ele de jeito nenhum, não dá. Eles têm um filho, é outro patamar.

 

“Eu ainda sinto amor por ele, mas não um amor de precisar pensar que um dia eu vou ter ele na minha vida de novo, mas amor por tudo que a gente viveu, foi bom pra minha confiança como mulher, ele ficou comigo em todos os momentos.

 

Ele é um boy padrãozinho, e ele ficou comigo quando eu fiquei muito magra, quando fiquei muito gorda, ele realmente me queria por quem eu era. Então não tem como não amar essa parte da história." Renata, 34 anos, é jornalista, preferiu manter o seu sobrenome oculto.

 

"Eu não queria nada sério, mas tinha ciúmes”

 

"Tive duas relações de amizade colorida. Uma durou do segundo ano do colégio até o início da faculdade. Eu lembro que as minhas amigas achavam estranho. Porque no dia a dia da escola a gente era amigo, mas de vez em quando saía e ficava e no outro dia na aula era como se nada tivesse acontecido, conversávamos normalmente. Tanto que muita gente nem sabia que a gente ficava.

 

“Mas ele também não era o meu melhor amigo, era do grupo de amigos com quem eu conversava todo dia, se fôssemos mais próximos, teria tido mais drama. Eu acho que acabei nunca me apaixonando porque não tínhamos muita coisa em comum, ele não faz o meu tipo mesmo.

 

Além dele, eu tive uma outra relação que não durou muito e terminou em drama, durante a faculdade. Era um amigo com quem eu não queria namorar porque ele trocava de namorada como trocava de roupa e eu sabia que eu ia ser mais uma. Eu não queria me envolver, só que ele era bem meu tipo.

 

Em uma festa, vi ele ficando com outra pessoa e senti ciúmes. Daí fiquei com um amigo dele, só pra causar uma reação. E, realmente, ele ficou super brabo, foi toda uma cena. Era uma relação estranha, porque eu não queria compromisso, por medo, insegurança. E ele queria, mas eu não botava fé. Mas mesmo assim tinha ciúmes... Enfim, não deu certo." Marcela Klein, 32 anos, arquiteta, de Porto Alegre (RS) hoje é casada e perdeu os contatos com os amigos coloridos.

 

Link da reportagem: https://www.uol.com.br/universa/noticias/redacao/2021/07/10/amizade-colorida-muitos-gostam-da-ideia-poucos-conseguem.htm