Faculdade do Cefi

Temas Atuais

E de repente o mundo parou...

E de repente o mundo parou. O inimigo invisível veio com tudo e fez com que milhões de pessoas ao redor do planeta ficassem em casa. Com quem? Consigo mesmas, com seus barulhos internos, com os barulhos dos outros... Para alguns, o isolamento. Para outros, a intensificação da convivência familiar, tenha ela a configuração que tiver. E cada configuração traz consigo desafios diferentes...

Para os que moram sozinhos, a falta de convívio social pode ser mais dura, e a solidão pode tomar conta; por outro lado, podem ser os que têm mais tempo e disponibilidade para se conectar com quem está longe através de tantos meios de comunicação virtual que hoje estão disponíveis. Para os casais sem filhos, a atenção que antes era dividida entre as tantas atividades do dia-a-dia, agora se volta toda (ou quase toda) para o convívio, para a relação. Se por um lado conflitos podem vir à tona, por outro a intensidade do contato pode aumentar a proximidade e possibilitar que o relacionamento floresça. 

As famílias com crianças pequenas, que até então contavam com o apoio de babás, avós, escola, agora precisam organizar a rotina e dar conta de todas as demandas dos pequenos, enquanto as preocupações relacionadas ao trabalho e às finanças seguem presentes, e talvez até mais estressantes. Expectativas de produtividade caseira e manuais do que fazer enquanto ficam com as crianças dentro de casa por tanto tempo, permeiam a realidade neste momento de muito estresse para as mães e pais.

Já as famílias com filhos adolescentes talvez sigam um ritmo diferente... Eles que já tem tanta intimidade com o mundo virtual se envolvem com aulas online (o que pode ainda ser uma novidade para muitos!), muitas demandas, temas, trabalhos. O incômodo do confinamento se esconde por trás de tantas tarefas, mas nem por isso não há a dificuldade de “manter uma rotina”. Até parece que parou, mas não parou. 

E as gerações mais velhas... Talvez as que mais sofrem. E não só pela ameaça do vírus. Muitos que não moram com os filhos e netos, que já não têm mais o cônjuge ao lado para compartilhar o dia, para receber apoio. Apesar de muitos estarem conectados e usufruindo dos benefícios da tecnologia das comunicações, outros têm mais dificuldade para acessá-los, e acabam sentindo-se “abandonados” por aqueles que deixam de vê-los com o intuito de protegê-los. 

Enfim, vivemos uma crise. Na Teoria Sistêmica das Relações Familiares, crise é oportunidade. De crescer, de mudar, de se reinventar. Estar em confinamento, pode trazer à tona sensações de solidão, de angústia, de não saber. Mas também pode revelar relações de parceria, reavivar o desejo de sentir-se pertencendo, seja nas refeições em família que agora são mais viáveis, nos grupos de whatsapp de amigos, do trabalho, nas reuniões virtuais.

Assim, queremos te fazer um convite. Um convite à abertura. Abertura para vivenciar o momento que estamos vivendo e acolher tudo que ele traz, de bom e de não tão bom assim. Um convite para a reconexão. Consigo mesmo, com as pessoas, com o querer fazer no lugar do ter que fazer. Um convite para fazer uso do tempo livre com mais sabedoria e menos produtividade. 

Durante esse período, o Núcleo Sys (Núcleo de Sistêmica do CEFI) vai compartilhar aqui algumas reflexões com o intuito de contribuir com este momento para transformá-lo em uma oportunidade de autoconhecimento e aprendizado relacional.

Ana Carolina Peixoto Moraes

Márcia Martins Pozzobon