Faculdade do Cefi

Temas Atuais

Dia do Orgasmo - CEFI Edusex

Michelli Osanai da Costa

Médica ginecologista/sexóloga e terapeuta de casais.

Coordenadora do Núcleo EDUSEX.

               

            

A dificuldade para chegar ao orgasmo é uma questão predominantemente feminina, atingindo 26,2% mulheres brasileiras, Segundo estudos realizados pela Dra Carmita Abdo ( Descobrimento Sexual do Brasil, Carmita ABDO, 2004) e chegando a35% das mulheres na literatura mundial .

                Mas o que é orgasmo? Como saber se tenho ou não orgasmo?

                Ao contrário dos homens, em que ele é mais evidente, muitas mulheres têm dúvidas se já o vivenciaram ou não. Descrever um orgasmo também não é uma tarefa fácil, já que é uma experiência muito pessoal e subjetiva. Mas podemos identificar alguns sinais de que chagamos lá:

                Primeiro, para desencadear um orgasmo é preciso estar excitada, o que geralmente é acompanhado de congestão genital e lubrificação vaginal. Havendo estímulo adequado, a crescente excitação sexual atinge uma intensidade tal que desencadeia um reflexo de alívio e intensa sensação de prazer. Neste momento, pode-se experimentar uma momentânea interrupção da acuidade sensorial, um breve desligamento dos sentidos, ao que Alfred Kinseychamou de forma poética de “ladoucemort”, ou a “doce morte”.  Essa sensação agradável e prazerosa que se inicia na região do clitóris e vagina, então se espalha por todo o corpo e segue-se uma fase de intenso relaxamento. Mas talvez o sinal mais objetivo de que se atingiu o orgasmo são as contrações musculares rítmicas do terço inferior da vagina no momento do clímax, o que algumas mulheres referem como “latejamento”.

                As causas da dificuldade ou ausência de orgasmo (Anorgasmia) entre as mulheres são múltiplas, e incluem fatores orgânicos (raros) como doenças neurológicas, drogas ou fármacos; ou, mais comumente fatores psicológicos, como falta de informação, crendices e tabus sexuais, traumas e repressão sexual, culpa associada à sexualidade, e a ansiedade ou temor de desempenho.

                A desinformação e, consequentemente os mitos e crendices que tanto prejudicam o prazer feminino levam, muitas vezes, à insatisfação e ao desinteresse no sexo. O conhecimento quanto à anatomia e fisiologia do orgasmo feminino são fundamentais para que se conheça e efetue o estímulo adequado na hora do sexo.

                Inúmeras crenças e expectativas irreais ainda atrapalham, e muito, a vida sexual dos casais. Entre eles, p. ex., a de que o homem tem o dever de proporcionar um orgasmo à mulher através da penetração vaginal, colocando a mulher numa posição de passividade e o homem numa posição de responsabilidade injustamente exigente. O orgasmo não é algo que se ganhe, mas algo que se conquista com a parceria através do autoconhecimento, conexão e entrega. Sim, é preciso estar entregue ao momento, às sensações e ao prazer. Reconhecer o direito ao prazer e buscá-lo ativamente através do aprendizado, da comunicação e de experiências mutuamente satisfatórias são o primeiro passo para essa conquista. Existem inúmeras possibilidades de construir essa experiência depois desse primeiro passo.

                A sexologia como ciência, desde os estudos pioneiros do casal William Masters e Virginia Johnsonna década de 70 (Human Sexual Response, 1966), nos esclareceu muitos aspectos anatômicos e fisiológicos do sexo. Surgiu, então, a Terapia Sexual, uma forma de psicoterapia breve, que desenvolveu inúmeras abordagens científicas e nos permite tratar este e outros bloqueios da resposta sexual humana, de forma breve e focada na queixa sexual, na terapia de casal ou individualmente.