Faculdade do Cefi

Temas Atuais

1º de Outubro: Dia internacional do Idoso

O envelhecimento é um processo irreversível e inexorável, não somente
para nós, mas para tudo que é afetado pelo andar do tempo, por exemplo, uma
casa atingida pela exposição às mudanças climáticas, um animal de estimação,
um móvel etc.. A busca pela juventude e a promessa de imortalidade seguem
permeando o imaginário social. No entanto, o progressivo aumento do
envelhecimento populacional e a extensão da longevidade nos faz refletir de
que forma viver esses anos conquistados.
Espera-se que em duas décadas, o Brasil percorra um caminho de
envelhecimento, que nações demograficamente maduras demoraram mais de
um século para atravessar. Tudo indica que após 2030, a população acima dos
60 anos será maior do que das crianças e adolescentes de até 14 anos. Em
2050, os idosos representarão o dobro dessa população jovem.
Atualmente, entre a população idosa percebe-se que muitos velhos
assumiram papéis jamais previsíveis, em outros tempos. São diversas
experiências que há meio século seriam inconcebíveis. Como imaginar na
velhice o retorno à Escola/Universidade ou ao trabalho? O divórcio? O novo
casamento? A vinda de um filho quando já se passou da idade para ser avô?
Frequentemente a velhice tem sido o momento oportuno para novas
descobertas e vivenciar uma nova vida.
Mas nem tudo são flores! Devido às influências socioculturais que
estamos submetidos é impactante se deparar, com as consequências deste
processo. Como a saída dos filhos, ocasionando restrições no convívio social e
de lazer. A aposentadoria compulsória com a qual pode haver afastamento de
suas atividades laborais e produtivas e, consequente redução de renda e do
convívio, bem como, abalos no senso de utilidade. A constatação de que os
pares estão morrendo, ou ainda, o enfrentamento da viuvez e da solidão. A
ausência de papéis sociais valorizados. O aparecimento de doenças ou
comorbidades. O declínio da beleza e do vigor físico. A perda do exercício
pleno da sexualidade. A perda da perspectiva de futuro. Ou seja, são inúmeros
os desafios trazidos junto com o passar do tempo. 
A longevidade ainda tende a ser acompanhada por doenças crônicas
e/ou degenerativas, advindas da fragilidade do corpo e do suporte social
precário. Por outro lado, as discussões sobre o “envelhecimento ativo” e a
“capacidade funcional”, surgem como candidatos a novos paradigmas para
tentar reverter à antiga associação, entre velhice e doença. Atualmente
buscamos novos modos de envelhecer, mais condizentes com o percurso de
vida vivido.
É um processo complexo. Mas mesmo com todos os aspectos
levantados, cabe refletir sobre a necessidade de ressignificar e reinventar a
velhice. Com a longevidade, vivenciamos modelos de velhice em transição e
uma importante diversidade nas maneiras de envelhecer. O velho não pode ser
considerado como categoria única, pois há heterogeneidade tanto no processo
de envelhecimento, quanto no sujeito que envelhece. É importante revisar os
estereótipos associados à velhice. O entendimento de um estágio concebido
apenas por perdas dá lugar à nova concepção, de que a velhice pode ser uma
etapa, que permite prazer, conquistas e realizações de sonhos. Ou seja, há a
perspectiva de planos futuros na construção subjetiva e cronológica, desta que
antes era apenas a última etapa do ciclo vital.
Para que um envelhecimento ativo seja possível, devemos atentar, não
apenas em ações que visem à redução do risco de adoecimento, mas que

proporcionem qualidade de vida nesta fase. Fatores macrossociais como: as
questões políticas, sociais e econômicas são fundamentais, mas dependem
diretamente da organização da sociedade em que vivemos. Já os fatores
individuais como: atividade física diária, alimentação saudável, uso criteriosos
de fármacos e  os fatores relacionais, como: manutenções de papéis, vínculos
sociais e ampliação das redes de apoio dependem diretamente, do
protagonismo de cada sujeito. Diante de tais questionamentos, percebemos o
imenso desafio que é lidar com o paradoxo que se cria com o aumento da
longevidade e o quão complexo é buscar uma postura ativa e saudável num
contexto, que por vezes, é excludente e invalidante.
Portanto cabe ao velho o protagonismo de sua velhice, diferentemente
do passado quando o velho se transformava em um ser totalmente inseguro e
dependente. Atualmente, com o avanço da longevidade, da educação formal,
cultural e novos hábitos de vida, possuímos maiores ferramentas para auxiliar
nesta fase da vida.
Para além das politicas de saúde pública, que certamente precisam
acompanhar o velho em sua trajetória, desenvolvimento e necessidades,
oferecendo espaços de valorização e escuta, é primordial de que o velho de
hoje, busque permanecer ativo, informado e produtivo. Este caminho é
individual e depende das condições culturais, emocionais e afetivas do
individuo para percorrê-lo.
São muitas as ferramentas que podem ser usadas, para manter-se
longevo ativo. É primordial manter a habilidade motora, cultural e afetiva,
encontrando novos espaços na sociedade para ocupar. Neste sentido, as
academias para desenvolvimento de força muscular, equilíbrio, convivência
social e afetiva, bem como os espaços públicos para se exercitar, realizar
caminhadas enquanto se aproveita a paisagem, podem ser alternativas
positivas. Evitar o estresse e diminuir a ansiedade é uma questão importante
na velhice. Portanto evitar acúmulos de tarefas e problemas, procurar aprender
a arte da meditação, ou simplesmente ter um momento do dia para relaxar o
corpo e a mente. Reunir-se com os amigos para um chá, uma cerveja, um jogo,
um bate papo, não se isolando e buscando a companhia das pessoas que se
gosta, fazer novas amizades, não se relacionar somente com seu grupo
familiar.
Se for possível viajar, conhecer novos lugares, ir com grupos de viagem
ou com um grupo de amigos. Sair para dançar, a música e a dança fazem bem
para o corpo e a alma! Procurar ficar informado sobre os acontecimentos da
cidade, estado ou do mundo. Ler ao menos um livro por mês. Aprender a lidar
com as novas tecnologias usando o celular, computador e internet. A
aprendizagem de novos conteúdos ativa o cérebro e mantem os neurônios em
funcionamento. Fazer um trabalho voluntário, ou fazer algo que pensou um dia,
mas deixou para traz... cursar uma faculdade, aprender um novo idioma, fazer
um trabalho manual, escrever um livro, um blog, cartas... E se um novo amor
aparecer, não se assustar, pois estamos todos vivos e suscetíveis, a estes
acontecimentos.
Fundamental, não se sentir velho, pois somos todos muito jovens neste
mundo, o que são 60, 70, ou 80 anos, em um planeta terra de bilhões de anos!

Texto escrito pelas psicólogas Caroline Santa Maria CRP 07/14315 e
Maria Luiza Pradella Ramos CRP 07/02656 da equipe CEFI Cora