Faculdade do Cefi

Temas Atuais

Sobre o Envelhecer…

Nos últimos tempos tenho tido conversas muito significativas com amigas, familiares, parceiras de trabalho sobre o envelhecer… Ao me aproximar dos 60 anos e ter pessoas queridas nessa faixa tem me levado a esse lugar, de reconhecimento do que realmente importa na minha vida e de como quero viver meus últimos anos como uma mulher saudável, independente e autônoma.

Ao mesmo tempo que aprecio esses momentos de reflexão e trocas, também percebo ansiedade, medo e um impulso de esquivar ou fugir dessa temática. No entanto, minha prática como terapeuta ACT me permite entender que isso não é útil nem funcional, que sim preciso conversar e me aproximar desses sentimentos, como belos passageiros da minha jornada atual. Segundo Ana Cláudia Quintana Arantes “Precisamos ser capazes de conversar sobre o que nos assusta e sobre o que a morte significa para nós. Isso fará de nós pessoas preparadas para escutar”.

Essa semana li essa postagem no Instagram da Ana Claudia (@anaclauquintanaarantes) e me inspirou a escrever sobre esse assunto:

“Envelhecer é como aprender a dançar uma nova música todos os dias. Não é uma dança que você já conhece, não é aquele passo que você repete de olhos fechados. É uma melodia que muda, que te convida a recomeçar, a se adaptar, a escutar o que seu corpo e sua alma estão pedindo. A cada amanhecer, a vida nos dá uma nova chance de ajustar o compasso, de encontrar um novo ritmo. O processo de envelhecer não é uma linha reta, mas uma jornada que exige da gente essa capacidade de recomeçar. Aquilo que funcionou ontem pode não funcionar hoje. Aquilo que o corpo aceitou ontem, talvez precise de mais cuidado e atenção hoje. Essa dança exige paciência e gentileza com nós mesmos. Recomeçar não é fraqueza, mas uma demonstração de força e sabedoria. Todos os dias, somos chamados a escutar com atenção o que o nosso corpo nos diz, o que a nossa vida nos mostra e o que a nossa emoção nos pede. E, nesse recomeço diário, encontramos a oportunidade de viver com mais leveza, adaptando o passo, mas nunca parando a dança. Que possamos, a cada novo dia, acolher essa oportunidade de recomeçar, de seguir em frente com mais consciência, com mais carinho por nós mesmos. E que, nesse processo, possamos descobrir que envelhecer é, na verdade, aprender a dançar a vida de um jeito novo, todos os dias.”

Essa dimensão do viver o agora, do que “funcionou ontem pode ser que não funcione hoje”, deveria ser nossa prática diária, não só no envelhecer. Viver em mindfulness pode ser muito libertador, mas admito que ao se aproximar da finitude isso tem tido um peso maior para mim, pois parece que o tempo tem um novo significado. Hoje tenho pressa de viver na plenitude, como se não pudesse perder nenhum detalhe, nenhum sentimento sentido, nenhum abraço mais demorado, nenhum cheiro da pessoa que mais amo no mundo, viver cada minuto como se fosse o último nos dá essa possibilidade de estarmos inteiros no aqui-e-agora, pois sim, não temos a certeza de como será o amanhã… Queria ter tido essa consciência anos atrás, por isso compartilho aqui hoje esse assunto. Talvez para alguns soe como algo depressivo, mas para mim é sopro de vida, um compartilhar, quase como um alerta ou um pedido, aproveitem com toda a intensidade cada minuto importante da sua vida, não demorem para compreender QUEM ou O QUE é importante para você. Viva na plenitude dos seus sentimentos, dos seus 5 sentidos, da sua respiração, pois respirar simboliza o estar vivo, fazendo a pergunta: “Qual é a coisa mais importante que posso fazer hoje?”. Substitua o “Eu tenho que fazer” pelo “Eu escolho fazer”. Faça sua escolha diária sobre o tempo que queres e como queres investir no agora e no teu daqui pra frente.

Este texto é de autoria do membro da equipe CEFI Contextus - Vanessa Stechow