O processo de tomada de decisão
O processo de tomada de decisão é um processo bem desafiador para algumas pessoas. Este texto propõe-se a explorar este tema com reflexões baseadas na Terapia de Aceitação e Compromisso de Steven Hayes Steven, Kirk Strosahl e Kelly G. Wilson.
Esta terapia discorre sobre 6 processos de (in) e flexibilidade psicológica para abordar como as pessoas se relacionam com suas experiências e como se comportam em direção à uma vida significativa ou não. Para as pessoas que estão mais flexíveis psicologicamente, o processo de tomar decisões pode ser menos desafiador. Vamos olhar processo por processo para tornar isto mais claro:
- Momento presente – Estar mais flexível diz respeito a estar atento ao momento presente, experimentando o que os 5 sentidos nos oferecem no aqui e agora. O constante exercício de notar o que está acontecendo no meu corpo e ao redor de mim, momento a momento, possibilita uma maior conexão com o que cada experiência provoca em mim. Com esta clareza, fica mais fácil escolher de que sensações quero me aproximar, assim como saber quais são aquelas sensações das quais eu escolheria me manter longe se elas não fossem partes inerentes de um caminho significativo.
- Eu como contexto – a nossa consciência de que não somos definidos por uma escolha, nem por um pensamento ou sentimento, mas de que somos recipientes de todas as experiências que vivemos é uma forma de discorrer sobre eu como contexto. Se eu estou inflexível neste processo, tomando como definidores de mim um aspecto como por exemplo uma decisão, posso ficar presa e ter dificuldade em tomar decisões.
- Valores – uma clareza das coisas que realmente importam, que tem sentido e que tornam a vida realmente significativa torna o processo decisório mais leve, porque esta balança é clara. Reconhecer o que é mais valioso de verdade para mim pode tornar o processo decisório mais simples, pois as prioridades estão mais evidentes.
- Ações com compromisso – são aqueles comportamentos que nos levam na direção daquilo que realmente nos importa. É aquilo que fazemos para nos aproximar dos nossos reforçadores. Quando vivenciamos os processos de forma mais flexível o processo decisório pode ser mais curto.
- Aceitação – uma abertura para experimentar o que quer que estejamos sentindo ao pensar na decisão, ao viver a decisão. Nos permitir sentir independente de ser agradável ou desagradável nos liberta.
- Desfusão – olhar para nossas experiências como experiências. Não julgar nossos pensamentos, olhar abertamente para os “itens” da nossa balança. Ter abertura para notar os nossos pensamentos sobre os caminhos que estamos pensando em tomar, e olhar com perspectiva sobre nossas ideias sobre as ideias das pessoas sobre nossas ideias.
Conhecer estes 6 processos do ponto de vista mais flexível pode nos ajudar a olhar o processo de tomada de decisão e entender porque pode ser tão difícil na experiência de quem está mais inflexível psicologicamente. Voltando aos processos,
1 – como vou saber o que eu quero se vivo no futuro ou no passado e estou distante do meu aqui e agora?
2- se me julgo pelos meus pensamentos, pelas coisas que eu sinto, como vou olhar com abertura e sem julgamento para os possíveis caminhos?
3- se não tenho clareza do que realmente é valioso e significativo para mim, como tomar decisões? qual será minha bússola?
4 – como vou ter decisões comprometidas com meus valores se estou perdida deles?
5 – se me esquivo de sentir coisas desagradáveis, como vou me permitir sentir tudo o que os possíveis caminhos podem evocar em mim?
6- se fico “grudada” em pensamentos e julgamentos, como fazer escolhas conscientes?
Este texto se propôs a pensar sobre tomada de decisão a partir dos 6 processos da ACT, iniciando com um olhar sobre a flexibilidade psicológica e finalizando com a inflexibilidade psicológica.
Texto escrito pela integrante do núcleo contextus Martha Wallig Brusius Ludwig